Governança e Gestão. Olhando para o retrovisor e para o futuro.

Governança e Gestão

Após mais de trinta e cinco anos de vivência profissional, vejo o mundo corporativo em um ambiente diferente de negócios, com objetivos e princípios que não mudaram. O que mudou foi a velocidade com que as coisas acontecem nas organizações.

Para fazer negócios em qualquer setor da economia é preciso ter recursos, competência e muita informação. É no terceiro elemento que houve a grande mudança. Velocidade de informação.

A boa gestão da informação dentro das corporações será um dos fatores de sucesso da empresa; saber identificar oportunidades, riscos, o que é real, falso e o que é fato ou versão. Esse é um elemento do novo mundo de negócios, dado a influência da tecnologia da informação e da comunicação. Contudo, gestão de risco é pauta importante nos conselhos consultivos ou de administração e deve incluir, necessariamente, a pauta do ESG.

Retrovisor

Quero retroceder no tempo em que a informação era tão importante quanto hoje, mas muito mais lenta. As decisões eram tomadas em outro ritmo e as pessoas nas organizações conversavam mais. Havia mais tempo disponível. Hoje o tempo é o recurso mais escasso nas empresas. Somente um bom processo de Governança pode administrar a falta de tempo em um mundo de negócios com informações que fluem na velocidade do som.

Agradam-me os conceitos de John Davis, uma autoridade mundial em negócios familiares e governança. Formei meus conceitos adequados à realidade e ao ambiente brasileiro – leia meu artigo “O Brasil não é para amadores”.

Ainda hoje o tema Governança Corporativa é mal interpretado por muitas empresas. Vejo algumas com enorme potencial de crescimento, dominando a informação, mas patinando na governança por falta de definições básicas de comando, estrutura e processos. Nesse ponto entra a necessidade do Conselho Consultivo.

No Brasil, menos de 25% das empresas pequenas e médias possuem um conselho consultivo formal. O índice aumenta nas empresas do Sul e Sudeste, mas cai para 15% em empresas do Centro Oeste, Norte e Nordeste. Surpreendentemente, menos de 65% das grandes empresas possuem Conselho em sua governança. (Fonte: MA8).

A Governança deficiente na maioria das empresas promissoras levam-me a concluir que o Brasil tem um enorme potencial de sucesso ao empreendedorismo (em qualquer setor) e se houver organização interna, o caminho será trilhado de forma mais tranquila. A organização a que me refiro está em acoplar o conselho consultivo no processo de gestão da empresa.

Boas práticas de Governança são necessárias para colocar qualquer empresa nos trilhos, mas há uma diferença entre governança e gestão. Governança não é gestão. É direção. Já dizia Davis: “você não precisa de Conselho definido para ter Governança, mas precisa dela para unir e prosperar”.

Conselho Consultivo

A criação de um Conselho Consultivo é fundamental em uma empresa que quer amadurecer, mas a autoridade do Conselho não pode existir meramente para validar decisões já tomadas. Na prática, o Conselho Consultivo ajuda muito na estruturação e na estratégia de uma empresa, seja familiar ou não. Já o Conselho de Administração possui poderes legais e é ele que até mesmo destitui o CEO de uma corporação ou veta uma decisão. Quando o conselho é consultivo, mas atua como se de administração fosse, os conselheiros, mesmo que consultivos, também assumem a responsabilidade legal por suas decisões.

“O custo de um conselho não é alto, pois zela pela qualidade das decisões tomadas na empresa. Decisões erradas, impensadas, impulsivas ou sem estratégia, podem custar muito caro e comprometer o futuro do negócio.”

Um bom processo de Gestão e Governança é simples e não requer fórmulas mirabolantes. Apenas depende de orientação e vontade de líderes, sucessores e acionistas.

O que posso afirmar, olhando para o retrovisor dos últimos trinta e cinco anos, é que não há como garantir, que uma corporação com um bom processo de Governança será bem sucedida no mercado competitivo, mas posso assegurar que, sem o estabelecimento de uma boa governança corporativa o futuro de qualquer empresa será incerto.

Orlando Merluzzi  (*)


(*) Consultor, conselheiro independente e mentor, atua no mundo corporativo há 37 anos. É especialista em gestão, governança, estratégia de negócios e sucessão. Conduz a MA8 Consulting Group.

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