
Ao lidar com pessoas você não está lidando com lógica, mas com emoções e imprevisibilidade. As relações interpessoais não são binárias, mas multilaterais. Ao descuidar desse ponto, a organização perde potência quando mais necessita.
De forma análoga desenvolvo o diagnóstico das inter-relações organizacionais e como podem afetar a capacidade de inovação e empreendedorismo na empresa, se fatores nocivos ao balanceamento do ambiente não forem identificados e tratados.
Assim, como nas relações intrapessoais, os elementos da inteligência emocional precisam ser expandidos para as relações departamentais e é nesse momento que se deve mapear o controle da emoção corporativa, pois ela assume papel fundamental para o sucesso ou para a implosão da empresa.
Ao ampliar o universo de análise das inter-relações, medido pela capacidade de a organização delinear o aspecto moral e sentimental de suas células, um profissional com vivência e experiências multiculturais possuirá, mais facilmente, habilidade e sensibilidade pragmática para diagnosticar aspectos prejudiciais em equipes e em algumas formas de gestão. Em sequência, recomendar o tratamento.
É importante ressaltar que muitas vezes o elemento tóxico da célula pode estar em uma pessoa, em um pré-conceito ou, em ambições desconexas individuais e coletivas. A estrutura responsável por zelar pelo clima organizacional tem, neste caso, o desafio de intervir com métodos de saneamento tradicionais ou não ortodoxos.
O ambiente permissivo às características mais primitivas do relacionamento humano apresentará cedo ou tarde as cicatrizes de vícios comportamentais, incluindo disputas entre o bem e o mal na convivência corporativa. Tais marcas nem sempre serão apagadas pela euforia e celebração de alguns bons resultados alcançados.
A empresa não é local para experiências. A atmosfera contaminada cega a corporação e reduz a capacidade de inovar e encontrar soluções simples e eficientes para expandir ou, apenas, vencer a crise.
Orlando Merluzzi