Gestão de Equipes e Produtividade
O processo de construção e solidificação da “confiança” no ambiente profissional passa por vários níveis atitudinais, comportamentais, conceituais e um único nível moral, aquele que é aceito em princípios éticos.
A falta de confiança nas pessoas ou nas equipes consiste no principal elemento de toxidade para o ambiente interno e não há empresa bem-sucedida que não possua um bom clima organizacional.
Nos últimos quatro anos conduzimos três amplas pesquisas sobre clima organizacional e em todas elas, no item “confiança nas pessoas”, os resultados foram preocupantes. Em média, apenas um-terço das pessoas confia em seus pares no ambiente de trabalho.
No livro “transformando o clima organizacional e a adrenalina em resultados para a organização”, de 2017, construí o cenário para a compreensão do Círculo da Potência Corporativa, que tem a confiança como “pano de fundo”.
O nível de confiança depende da maturidade, transparência e de como a empresa desenvolve e trabalha as habilidades nas inter-relações pessoais e departamentais. Se você imaginar que duas pessoas, ao se relacionarem, estão sob as regras da inteligência emocional e que várias pessoas formam um departamento e dão vida a ele, a atmosfera desse ambiente corporativo dependerá diretamente da qualidade dessas relações. Quando dois ou mais departamentos se relacionam dentro da empresa, estão sob as regras do mesmo processo emocional e a esse, dou o nome de “emoção corporativa”. Uma empresa depende dessas relações e nesse processo, existem os clientes internos. Se não há equilíbrio a empresa sofre e quem paga a conta é o acionista.
A escalada da confiança no ambiente corporativo
A agenda para gestão do clima organizacional é amplamente divulgada nas empresas, mas nem sempre aplicada na prática e em algumas vezes, o tema é lembrado nos momentos de participação em pesquisas ou em aparições na mídia, como parte da estratégia de comunicação e propaganda.
Todo ambiente social – isso inclui o ambiente corporativo – está sujeito às emoções decorrentes das inter-relações pessoais. Nele, a linha divisória entre relações visíveis e relações submersas é traçada por três elementos fundamentais: Ética, Comunicação e Nível de Confiança.
A ética é função da educação básica e de como as pessoas julgam os valores morais aceitos no ambiente; a comunicação é função da estratégia de gestão; a confiança é um processo longo, que se constrói no dia a dia e se destrói da noite para o dia se não for bem estruturada e autocontrolada.
As etapas da taça de cristal corporativa
A confiança é como a taça de cristal, se trincar levemente poderá ainda servir para beber água, mas nunca mais deixará de ser uma taça de cristal trincada e assim também é dentro do ambiente de trabalho.
Observe no quadro as etapas para a construção da confiança no ambiente corporativo. É um processo e função do tempo, que envolve três elementos característicos das pessoas em relações sociais, familiares e profissionais. Alguns desses elementos são natos e precípuos e para eles não há treinamento. O principal é o caráter, função da integridade e do alinhamento de propósitos. O segundo elemento é um subproduto da inteligência emocional e se resume a empatia, função das características afetivas e cognitivas. Esse elemento é individual e pode ser desenvolvido e aprimorado, na maioria dos casos. O terceiro elemento, a competência, é um atributo técnico, função de outros que podem ser treinados e desenvolvidos.
Assim, são as bases para a construção da confiança em 360°, ou seja, não só da equipe, pares e superiores, mas também da autoconfiança em pertencer, agir, fazer e entregar.
Os gestores buscam resultados. Tudo o que afeta o clima organizacional impacta diretamente nos resultados da organização e por consequência, afeta a Potência Corporativa.
Valores bons são pétreos, valores maus são mutáveis
O caráter é algo que pode, em situações específicas, ser recuperável, a empatia pode ser trabalhada e a competência pode ser desenvolvida. Tudo isso tem um preço alto e a organização precisa estar disposta a pagar por ele.
A imagem da empresa está ligada aos produtos, valores e atitudes, mas também à reputação das pessoas que a representam no mercado.
Alguns fatores do comportamento humano são estudados pela psicologia há décadas e têm sofrido mutações no mundo corporativo, conforme evoluem no ambiente, a competição, a tecnologia, a comunicação, as disputas pelo poder, as formas de gestão e até a interpretação de valores.
A deterioração do ambiente profissional, seja entre vários departamentos ou apenas em um único departamento, é algo que precisa ser diagnosticado cedo, antes de se transformar em um monstrinho incômodo para a organização e sobretudo para o próprio RH. Há ferramentas específicas de diagnóstico e aprimoramento do clima organizacional. Na MA8 Consulting desenvolvemos a nossa própria ferramenta, a partir do CANVAS Plus.
Monitorar esse painel de controle requer experiência e um elevado senso de justiça.
Orlando Merluzzi (*)
(*) Consultor de empresas, conselheiro independente e mentor, atua no mundo corporativo há 37 anos. É especialista em gestão, governança, estratégia de negócios e sucessão. Conduz a MA8 Consulting Group.
#confiança #climaorganizacional #gestãodeequipes #produtividade
Orlando, boa tarde: sou fã dos seus artigos; sempre muito bem escritos e altamente esclarecedores. Você consegue apresentar temas que raramente são colocados à “ mesa”; pois eles requerem um nível de consciência mais elevado e uma enorme vontade de aplica-los. Parabéns , que venham mais artigos e vídeos. Um abraço, Lili
Enviado do meu iPhone
>