A forma de planejar e agir no mundo dos negócios mudará rápido nos próximos cinco anos, afetando todos os setores da economia e boa parte das funções cognitivas cerebrais do consumidor. Vem aí, uma nova ordem de poder mundial, na qual o tradicional reinado exercido pelo cliente, no caso você, dividirá espaço com a capacidade das empresas em saber mais sobre você do que você mesmo.
Tendências
Nas grandes cidades as pessoas já não se preocupam tanto em ter um carro. Em compensação, há uma disputa frenética para possuir os smartphones mais modernos afinal, a primeira coisa que 65% das pessoas fazem ao acordar é olhar o e-mail e as mídias sociais e, ao irem dormir, a última coisa que fazem no dia é conferir tudo novamente. Nada está mais conectado com as pessoas do que as telinhas touch screen.
Os aplicativos surgem aos milhares para facilitar a vida. Por meio do smartphone você pode comprar comida, chamar transporte, pagar conta, reservar lugar em um evento, “bisbilhotar” a vida dos outros, expor sua própria intimidade, verificar o estoque de cerveja na geladeira, monitorar seu desempenho nas corridas, encontrar o melhor trajeto no trânsito, ouvir sua rádio favorita, saber como estão os teores de potássio e nitrogênio no solo da plantação a mil quilômetros, verificar, à distância, o nível de ureia na alimentação do rebanho, controlar a produtividade da sua equipe de vendas, monitorar a hora de fazer manutenção nas máquinas, o consumo de diesel da frota, etc..
Bem, tudo isso já está em nosso dia a dia, facilitando a vida de todos. A principal questão não é o que está por trás de tudo isso, mas o que está por vir.
A inteligência artificial e você
Antes de entrar no tema, quero falar sobre supercomputadores, cuja velocidade de processamento é medida em “petaflop” e são fundamentais para o desenvolvimento da ciência, medicina, biotecnologia, mas também para saber sobre o ser humano, o universo, o cérebro e em breve, talvez sobre a alma. Tecnicamente, o “FLOP” significa floating point operations per second, ou seja, capacidade de processar operações e cálculos. Para que o usuário comum possa compreender, um petaflop equivale a um quatrilhão de operações por segundo.
O quinto, quarto e terceiro maiores supercomputadores do mundo estão nos Estados Unidos, com capacidade entre 9 e 18 petaflops. O segundo maior supercomputador está na China, com 34 petaflops. Pode imaginar onde está o maior supercomputador do mundo? Sim, também na China, com capacidade de 93 petaflops. Estão em desenvolvimento os supercomputadores da Microsoft, da Google, da Baidu…
No mundo dos negócios, o Watson da IBM vai substituindo muitos empregos tradicionais, mas realizando trabalhos com mais eficiência. Gestão do relacionamento com clientes, saber tudo sobre eles, índices de problemas dos seus produtos, formas de solução, agilidade, satisfação do consumidor, competitividade de seus negócios, tudo isso são apenas grãos de areia no deserto, se comparados ao que a inteligência artificial fará pelo seu negócio daqui para frente.
Você já conversou com a Cortana, Siri ou o Google Home?
Estão evoluindo e aprendendo a cada segundo sobre você e sobre nós. Algumas respostas são sensacionais. Ainda não coloquei Cortana e Siri para conversarem, mas o farei em breve. Cortana é muito simpática.
Perguntei para Siri se ela era homem ou mulher e a resposta foi: “qual a importância disso?”. Perguntei para a Cortana como ela é fisicamente e a resposta foi: “tenho a forma de um círculo, mas estou me esforçando para me tornar uma esfera”.
Recentemente, soube que em uma experiência, um “curioso” colocou dois Google Homes para conversarem entre si. Qualquer semelhança com os filmes de ficção não é mera coincidência. Após horas de conversa eles já haviam se casado e em determinado momento uma dessas inteligências artificiais já não mais se considerava máquina, mas sim, humano. Não sei que fim deu essa loucura, mas acredito que o mentor deva ter desligado os equipamentos.
Pesquisadores da Google Brain (divisão da empresa que cuida de inteligência artificial), criaram três softwares-robôs batizados de Alice, Bob e Eve. Eles tinham as seguintes missões definidas: Alice deveria mandar uma mensagem criptografada para Bob, que deveria ser capaz de decodificá-la, driblando a espionagem de Eve, cujo objetivo era interceptar e ler a mensagem. Mas, atenção, nenhum deles foi ensinado a fazer isso. Então, usando técnicas de rede neural (inteligência artificial em que o robô aprende sozinho, por tentativa e erro, a executar uma determinada tarefa), Alice e Bob desenvolveram seu próprio método de criptografia e se comunicaram de forma totalmente confidencial, sem que Eve pudesse decodificar as informações. Ou seja, pela primeira vez, duas entidades de inteligência artificial conseguiram criar, sozinhas, um meio para se comunicar de forma secreta. Fonte: Bruno Garattoni
Você assistiu Matrix? É um filme de 1999. Era uma tremenda ficção na época.
Ao ligar para o SAC de algumas empresas, cito como exemplo a SKY e o Bradesco, você conversará com uma pessoa do outro lado da linha, que não é bem uma pessoa. No caso da SKY, a moça é simpaticíssima, com uma conversa muito agradável. Tem o barulhinho de teclado quando ela procura seus dados, ela tem emoção ao falar, tudo para deixar o cliente mais calmo.
Ao conectar as novas tendências do mercado e da Indústria com toda essa disponibilidade tecnológica, não consigo imaginar aonde isso tudo vai chegar, mas posso assegurar que você, como profissional e consumidor, terá que mudar rápido. Segundo pesquisa do BCG (Boston Consulting Group) e do Departamento de Educação dos EUA, a revolução industrial que se inicia – Industria 4.0 – deve gerar 6% mais empregos nos próximos dez anos, porém, 60% dos novos empregos gerados nesse período vão exigir competências e habilidades que apenas 20% da atual força de trabalho possui.
A Inteligência Artificial está aprendendo muito sobre você. Eu falo mais sobre tudo isso em uma de minhas palestras.
Pense no seu negócio hoje e prepare-se para o futuro. Qual o seu mercado e para onde ele vai? Como você está se preparando para a nova realidade? O que pode ser melhorado no seu negócio atual? Quais as energias que você está desperdiçando hoje e como deixar de fazê-lo? Quais as novas competências que você precisa? O que o seu concorrente está fazendo bem que você não está fazendo? O que o seu concorrente está fazendo bem que você pode fazer melhor? O que você pode fazer, que o seu concorrente ainda não esteja fazendo? Por fim, mas não menos importante, me responda: a sua estratégia é para sair na frente ou apenas para sobreviver?
Reflita, não tenha medo das novas tecnologias e procure saber com quem ou com “o quê” você está se relacionando ao conversar com seu computador ou smartphone. Talvez um dia essas máquinas se comuniquem com você por meio dos seus próprios sonhos.
Orlando Merluzzi – Julho/2017