Surpreende o fato de uma empresa demitir um ótimo executivo, por ele ter mantido relacionamento com uma funcionária. Parece estranho, mas não é. Isso ocorre no mundo corporativo e algumas empresas possuem cláusulas bem claras em suas normas de conduta. A razão para isso vou expor adiante.
O caso divulgado nessa semana
Segundo a nota oficial do McDonald’s, “o executivo deixou a empresa após a determinação do Conselho de que ele violou a política interna e demonstrou mau julgamento, envolvendo-se em um recente relacionamento consensual com uma funcionária”.
Em primeiro lugar é preciso deixar claro que não se trata de assédio moral, mas de um relacionamento consensual. Em segundo lugar, o executivo é considerado um dos melhores CEOs do setor de restaurantes na atualidade e sob seu comando as vendas da empresa estavam crescendo novamente. Contudo, norma de conduta é valor pétreo em uma empresa e dificilmente quem a infringe recebe uma segunda chance. Isso vale para todos, inclusive para o presidente.
O CEO da empresa não foi demitido pelo fato de ter um relacionamento com alguém, mas pelo fato de ter desrespeitado um valor corporativo e não me cabe julgar a norma.
Qual o nível de tolerância das empresas e o que está envolvido?
Depende da cultura organizacional e da forma como o fato torna-se público (internamente). A razão pela qual a maioria das empresas esculpem em mármore, certas cláusulas de conduta para relacionamentos internos, está no elemento denominado “confiança”. Os funcionários devem assinar, periodicamente, termos que protegem a empresa e os colaboradores, de todos os tipos de conflitos de interesse.
O relacionamento entre pessoas pode resultar em quebra de confiança interna e afetar diretamente o clima organizacional. Isso decorre de preferências pessoais, diferenças, privilégios de informação e até mesmo uma proteção velada em casos de falhas operacionais. Em organizações com boa governança, a gestão de riscos passa por análises específicas, para que sejam criados mecanismos de proteção.
Quanto ao nível de tolerância, existe, desde que não sejam observados riscos internos. As análises são cuidadosas.
Gestores e RH possuem ferramentas para administrar situações sensíveis, respeitando as pessoas e evitando a contaminação do ambiente.
Por isso, é fundamental que os funcionários relatem, sempre, qualquer forma possível de conflito de interesse no ambiente profissional.
Como pensam os funcionários das empresas, no Brasil?
A recente pesquisa sobre Clima Organizacional 2019, conduzida pela MA8 Consulting e pelo portal Pensamento Corporativo, abordou diretamente essa questão. Ao perguntar se a pessoa teria um relacionamento amoroso com alguém no seu ambiente de trabalho, 40% dos 1.287 respondentes afirmaram que não teriam, 37% disseram que talvez teriam e 23% disseram que teriam o relacionamento.
Na pergunta seguinte abordamos o impacto na confiança interna. Perguntamos: Você acredita que o relacionamento amoroso entre pessoas na mesma empresa pode prejudicar a harmonia no ambiente de trabalho ou afetar a confiança nas relações pessoais dentro e fora da equipe? A resposta surpreendeu. Apenas 12% dos respondentes entendem que não prejudica e 88% disseram que prejudica ou talvez prejudique.
Observe que, mesmo conscientes do risco para a organização, a maioria das pessoas estariam dispostas a assumí-lo.
Na mesma pesquisa, em outra questão, apenas 32% dos respondentes disseram que confiam em seus pares no ambiente de trabalho.
Nota: Essa pesquisa está disponível, na íntegra, no portal do Pensamento Corporativo.
O que fazer?
Um ambiente deteriorado afeta diretamente os resultados da empresa. Para corrigir essa questão, há ferramentas específicas para diagnóstico, melhoria do clima e plano de ação.
Apoiamos a sustentação do clima organizacional em três colunas sólidas e indissociáveis: respeito, ética e confiança. Se uma delas ruir, as relações internas comprometerão o bom ambiente, cedo ou tarde e a organização sofrerá os danos.
Quer saber mais sobre esse tema e como fortalecer o clima organizacional? Acesse ao Portal Pensamento Corporativo e inscreva-se. Siga também nas mídias sociais.
Orlando Merluzzi
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