Ao final da crise as pessoas voltarão diferentes ao trabalho e o ambiente não será mais o mesmo.
- O ambiente corporativo levará de um a dois anos para se normalizar
- Haverá uma ressaca dissonante e temporária com o ambiente de trabalho
O clima organizacional vai precisar ser mapeado novamente. O nível de insegurança das pessoas deve aumentar, afinal, as empresas, equipes, clientes e fornecedores acabam de conhecer um mundo novo, viável. As empresas descobriram formas mais flexíveis e ágeis de se conectar com toda a cadeia logística e isso significa redução de custos e aumento de produtividade. Veremos a ascensão de um novo modelo de gestão.
O que muda agora na gestão de pessoas?
- A crise antecipou tendências e acelerou um processo que já vinha ocorrendo naturalmente, mas de forma lenta. Reuniões virtuais com clientes e com as próprias equipes, webnars, readequação dos canais de distribuição, coisas que ainda enfrentavam alguma resistência, mas já estavam em ebulição.
- Manter os funcionários trabalhando remotamente, um ou dois dias por semana, representa redução de custos para as empresas e muitas já sinalizaram que manterão a prática após o encerramento da crise.
- O “home office” caiu no gosto de todos e provou ser viável. Agora, falta apenas acertar o termo correto, o qual os países de língua inglesa preferem chamar de “working home based” ou “working from home” e não “working home office”.
- A gestão vai mudar e veremos novas formas de estabelecer, cobrar e medir desempenho, novas formas de controle, novos processos de integração das equipes e uma nova grade de capacitação técnica-atitudinal dos colaboradores.
- Haverá a consolidação de novas formas de aproximação e relacionamento com clientes.
Uma nova dinâmica entre missão, valor, propósito e “entregas”, precisará ser estabelecida.
Em poucas semanas as pessoas se familiarizaram com novas plataformas de fazer negócios e comunicação virtual. Muitos, há três ou quatro meses só conheciam o Skype e o WhatsApp como ferramentas de reunião audiovisual, mas alguns não usavam por acharem “menos profissional”. Em pouco mais de um mês a ferramenta “Zoom” teve quase trinta milhões de downloads. Há outras excelentes ferramentas ocupando espaço, tais como ezTalks, Google Hangouts, Microsoft Teams, Whereby, entre outras pagas ou gratuitas.
A fragilidade da logística mundial e do mundo dos negócios
A situação inesperada, não prevista e pandêmica expôs a fragilidade do sistema global de fazer negócios, desestabilizando toda a cadeia logística, de supply chain e mercadológica. As lições exigirão mudanças no planejamento estratégico das empresas, nas atividades contingenciais e na gestão de crises. O mesmo vai ocorrer na administração pública e assistiremos à construção de um novo desenho de alianças internacionais entre países e potências.
Após essa reflexão fica no ar uma dúvida: o que acontecerá se daqui a dois ou três anos surgir um novo vírus, mais letal e agressivo que o COVID-19?
O mundo possui inteligência artificial, blockchain, robôs, computação nas nuvens, gestão do big-data, indústria 4.0 e até um conceito de Sociedade 5.0, mas o que derrubou o sistema mundial não foi um vírus de computador, mostrando que a fronteira que separa a tecnologia do conto de fadas é tênue.
Para onde serão direcionados os investimentos globais de agora em diante? No desenvolvimento de super tecnologias, ou na educação e saneamento básicos em países subdesenvolvidos e em desenvolvimento?
A volta ao trabalho após a crise
No mundo corporativo as atividades em grupo e as relações interpessoais continuarão existindo, assim como as atividades de back office. Um maior dinamismo ocorrerá nas atividades de campo e logística. Pouca coisa vai mudar, por exemplo, nas atividades de controladoria e o RH precisará rever conceitos, repensar o uso da inteligência artificial e recolocar o ser humano no centro do processo.
A ressaca
As equipes devem sofrer uma ressaca, tão logo as coisas voltem ao normal (parcialmente), é o que chamo de dissonância cognitiva com a satisfação no ambiente profissional. Isso precisará ser retrabalhado com uma nova gestão do clima organizacional e mais foco nas relações de confiança e respeito.
Orlando Merluzzi
Nota: Quem quiser saber mais sobre as novas formas de gestão do clima organizacional no pós-crise, me procure. Também estou aqui, no Portal do Pensamento Corporativo, no oleodieselnaveia, no LinkedIn e, claro, na MA8 Consulting.