… no mundo corporativo há uma linha tênue entre o aceito e o possível
Da série: Lendas, Mitos e Verdades do Mundo Corporativo
de: Orlando Merluzzi
As recentes interrupções do serviço de WhatsApp promovidas pela Justiça nos remetem a repensar o quanto nos tornamos dependentes dessa tecnologia, que adere às nossas vidas como extensão de nossos próprios movimentos. Refiro-me também a todos os outros aplicativos que fazem com que as pessoas entrem em completo estado de desespero se a internet cai, o sinal some, ou se a bateria “is about to die”.
A tecnologia da comunicação está entre as três coisas que mais evoluíram nos últimos 30 anos e através dela é possível disseminar todo tipo de dados e conhecimento, críveis ou não. O que resta, no final, é informação, em que se questiona a qualidade.
“Na vida e no mundo corporativo, a informação é um dos elementos de poder”.
Apesar da utilidade pública que a mídia social nos oferece em comunicação, seja para um caso de urgência familiar, uma declaração de amor, um pedido de desculpas, ou para receber o código de barras de um boleto bancário, o tempo desperdiçado com conexões se confunde entre o profissional, a diversão, o pessoal e o que realmente importa. Instrumentos de comunicação tão democráticos como o WhatsApp, Instagram, Telegram, Facebook, Linkedin, Wechat, Snapchat, Twitter e outros, quando bloqueados ou agredidos na sua essência de liberdade de expressão, afeta a todos, inclusive às empresas que divulgam seus produtos nesses aplicativos, razão pela qual eles foram criados, ou seja, business & money.
Feita a explanação dessa maravilha e um pouco dos benefícios que os aplicativos nos oferecem, quero tocar em um ponto sensível da questão comportamental, principalmente no mundo corporativo. Dentro das organizações os mais inseguros retêm a informação como modo de autoproteção e por outro lado, os mais perspicazes e maliciosos trabalham com a informação que possuem, liberando apenas o que lhes interessa e no momento que lhes for mais oportuno. Trata-se de um dos elementos de sustentação de poder, questionado por muitos – inclusive por mim – mas utilizado por generais e imperadores desde a Antiguidade, há mais de três mil anos.
Ainda na linha comportamental, jovens carregam para o mundo corporativo, muito do seu estilo e de suas atitudes na vida pessoal. A primeira coisa que fazem ao acordar é conferir o smartphone, e-mails e suas redes sociais e a última coisa que fazem, ao se deitar, é repetir o mesmo processo.
As redes sociais estão repletas de notívagos e durante o dia estima-se que aproximadamente 18% do tempo produtivo seja gasto com a gestão de suas conexões e amizades, seus equipamentos e configurações (celulares, tablets e notebooks).
Até aí, não há nada de errado, pois cada um deve utilizar as ferramentas de produção à sua melhor maneira, desde que a entrega seja aceitável, lembrando que no mundo corporativo progride quem excede nas entregas e nas expectativas.
As ferramentas de comunicação através de aplicativos de texto e mensagens de voz estão perigosamente dizimando uma outra ferramenta que o homem costumava usar desde Pré-história: a fala, a conversa e a interação olhos-nos-olhos. Parece uma frase de efeito, mas não é. Quando pergunto aos jovens se já falaram entre si, a resposta é sim. Quando avanço no contexto e pergunto como, a resposta é: “já mandei um Whats”. Ou seja, falar com o outro se limita a escrever a mensagem.
No mundo corporativo isso também já é regra, afinal, a velocidade da informação, flexibilidade, disponibilidade e baixo custo são importantes nas inter-relações pessoais e no dinamismo dos negócios, mas quero novamente lembrar (o que já fiz em artigos anteriores), que os negócios e as relações são pautados pela confiança e nesse ambiente, identificar reações físicas, olhares e linguagem corporal ainda não se consegue fazer através da mídia social. Assim, se você for da área comercial, por exemplo, fique bem atento e não vacile pois enquanto sua comunicação com o cliente está pendente de uma resposta no “Whats”, pode ser que o seu concorrente já tenha passado a mão no telefone e fechado o mesmo negócio com o seu cliente. O telefone ainda é aquele aparelho arcaico que está sobre a mesa e que as vezes toca…
OM – Julho 2016
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Adorei!!!
Excelente conteúdo, Orlando! As pessoas se esquecem que as redes sociais são feitas de pessoas. Muitas vezes não pensam nas consequências que alguma atitude possa trazer. Parabéns pelo conteúdo e muito sucesso.